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Me reconhecendo no espelho
Chega um tempo em que a ficha da juventude cai e você começa a se olhar diferente no espelho. De repente (pra mim foi aos 35) você se vê parada em frente ao espelho, escovando os dentes e se encarando. Um olhar desconfiado, do tipo "quem é você?" Quando você chegou? Essa mancha. Esse olho caído. Essa cara redonda. Eu sempre tive cachos? E se é a hora do banho... já paro no peito e chegaaa. Quando você chegou aqui? Esse texto não é sobre estética, poderia, mas não é. É sobre o tempo, sobre o nosso olhar sobre como ele se manifesta no nosso corpo. Como parece ser de repente. Como a gente muda e começa a ver a mudança no outro também. Assusta. Quando você chegou aqui? E o mais irônico? Enquanto nos perdemos nesses questionamentos silenciosos, a vida continua acontecendo lá fora. As crianças chamam, o café derrama, o celular toca. A mãe dentro de nós responde automaticamente, mas aquela mulher no espelho fica lá, esperando ser reconhecida. Engraçado como precisamos aprender a fazer as pazes com esse novo reflexo. Acolher essa mulher que tem histórias escritas no rosto. Que carrega nas mãos o peso de tantos cuidados. Que tem no corpo as marcas de tantas vidas que passaram por dentro dela. Então respiro fundo, olho nos olhos dessa desconhecida familiar e trato de me apresentar: "Oi, sou eu. Você chegou aqui vivendo. E está tudo bem." Com amor, Bá.
Bárbara Santos
3/9/20251 min read
Maternidade, amor e caos